OSMOSE REVERSA (OR)
OSMOSE REVERSA (OR)
A utilização de membranas filtrantes, como a osmose reversa, vem aumentado consideravelmente nos últimos anos no Brasil, principalmente em estações de tratamento de efluentes (doméstico e/ou industrial). Isto vem ocorrendo, principalmente, em função da excelente qualidade da água e/ou efluente tratado, possibilitando o reuso de água nas indústrias e/ou residências, por exemplo.
A osmose reversa é um processo de separação (física) por membranas usado no tratamento de efluentes ou água para remover contaminantes de dificil remoção (principalmente, sais) em tratamento biológicos e/ou físico-químicos, produzindo uma água de excelente qualidade. O processo envolve sempre a aplicação de pressão em um efluente através de uma membrana semipermeável, que permite a passagem de água enquanto rejeita os contaminantes.
Nesse caso, o solvente flui, através de uma membrana semipermeável, do meio mais concentrado para o menos concentrado e isola-se do soluto. É, portanto, um processo inverso ao que ocorre naturalmente durante a osmose, onde a água flui de um meio menos concentrado (hipotônico) para outro mais concentrado (hipertônico).
Figura 1 – Exemplo do funcionamento da osmose natural e reversa.

Para fornecer a pressão (osmótica) necessária, que pode variar de 10 a 150 bar, é necessário um sistema de bombeamento a montante da OR. A elevada pressão na alimentação se dá em função do tamanho dos poros da membrana semipermeável. Conforme pode ser visto na imagem, quanto menor o diâmetro dos poros, maior é a pressão.
Figura 2 – Exemplos de diferentes tipos de membranas filtrantes.

QUANDO UTILIZAR?
O uso da Osmose Reversa é indicado nos casos em que a qualidade final da água deve ser de ótima qualidade: sem presença de matéria orgânica, sais, vírus, coliformes, pesticidas, entre outros que não são removidos, por completo, com tratamento biológico ou físico-químico (incluindo outros tipos de membranas). Por este motivo, a água tratada por osmose reversa pode ser reutilizada na irrigação, banheiros, processos produtivos e reuso em geral. Porém, antes de reusar a água, é importante verificar os limites impostos pelas legislações ambientais para cada finalidade de reuso. Pois, dependendo do caso (irrigação, por exemplo), pode ser requerido uma etapa adicional, como a troca iônica, por exemplo, para diminuição da condutividade e alguns íons específicos.
A Osmose Reversa também é muito utilizada em plantas de dessalinização e desmineralização de água, principalmente em regiões com escassez de água.
A Tabela 1, a seguir, apresenta a qualidade final da água esperada após passagem por um sistema biológico seguido de uma Ultra Filtração e Osmose Reversa.
Tabela 1 – Qualidade final da água após o processo de Lodos Ativados seguido de um sistema de microfiltração e Osmose Reversa.
PARÂMETRO | LODO ATIVADO COM UF + OR |
SST (mg/L) | ≤ 1,0 |
Sólidos Dissolvidos (mg/L) | ≤ 5,0 – 40,0 |
DBO (mg/L) | ≤ 1,0 |
DQO (mg/L) | ≤ 2,0 – 10,0 |
COT (mg/L) | ≤ 0,1 – 1,0 |
Nitrogênio amoniacal (mg/L) | ≤ 0,1 |
Nitrogênio nitrato (mg/L) | ≤ 1,0 |
Nitrogênio nitrito (mg/L) | ≤ 0,001 |
Fósforo (mg/L) | ≤ 0,5 |
Turbidez (NTU) | 0,01 – 1,0 |
COVs (µg/L) | ≤ 1,0 |
Metais (mg/L) | Traços |
Coliformes (N/100 mL) | ≈ 0,0 |
Virus (PFU/100 mL) | ≈ 0,0 |
Fonte: Adaptado de Water and Wastewater Engineering – Mackenzie L. Davies.
ASPECTOS CONSTRUTIVOS
Usualmente, as membranas de Osmose reversa são construídas em três camadas de Poliamida (0,2 µm), Polisulfona (40 µm) e Poliéster (120 µm). As camadas são divididas por espaçadores, separando-se as “zonas” de alimentação e de permeado, conforme mostra a Figura 3, a seguir.
Figura 3 – Esquema de membrana de Osmose Reversa.

O fluxo de água dentro da OR é tangencial, ou seja, paralelamente a superfície da membrana de filtração, conforme mostra a Figura 4, a seguir. Deste modo, valores mais elevados de fluxo do permeado são atingidos devido a uma contínua remoção do material retido na membrana, não permitindo que haja deposição de material sobre a membrana.
Figura 4 – Ilustração dos diferentes tipos de fluxo de água em meios filtrantes.

Fonte: Telles, 2016.
A membrana de permeado é enrolada em volta do coletor de permeado, de modo que assume uma forma em espiral (Figura 5). Ao final do enrolamento, há um tubo coletor de água tratada.
Figura 5 – Esquema de membrana de Osmose Reversa.

Fonte: BIOTEC, 2022.
Outro aspecto construtivo importante é a montagem e a escolha do vaso de pressão, pois, conforme dito anteriormente, o sistema de osmose reversa trabalha com pressões elevadas. Usualmente, as membranas e os vasos de pressão são construídos com diâmetros de 2,5”, 4” e 8”, sendo o comprimento do vaso de pressão de 40”. Normalmente, o material dos vasos de pressão são feitos em fibra de vibro, porém, é possível encontrar, em aço inox.
No mais, recomenda-se que a montante da instalação do sistema de Osmose Reversa, seja instalado um Filtro de cartucho com abertura de até 10,0 um. Se houver o risco de fouling com sílica coloidal ou silicatos de metais, o recomendável é que este filtro seja com aberturas menores.
BALANÇO DE MASSA, FLUXOGRAMAS e NOMENCLATURAS TIPICAS
Para compreender melhor o funcionamento de um sistema de Osmose Reversa, a Figura 6, a seguir, apresenta um balanço de massa com algumas nomenclaturas típicas.
Inicialmente, temos que a carga (vazão x concentração) de poluentes na alimentação da membrana é dividida em duas linhas: permeado (água tratada) e concentrado (rejeito).
Figura 6 – Balanço de massa típico de um sistema de Osmose Reversa.

Num sistema de Osmose Reversa, parte da água a tratar é descartada como rejeito ou concentrado. Denomina-se esta parcela como “concentrado”, pois é uma parte que contém os sais retirados do fluxo de água produzida ou permeado.
A compreensão desta tecnologia é muito importante, pois muitas vezes os clientes acreditam que toda a água a tratar será transformada em permeado. Isto implicaria numa recuperação de 100%, o que não existe na prática (em torno de 75,0%), além do que, implicaria em um desaparecimento dos sais que, na verdade, são concentrados e descartados via rejeito.
Para aumentar a quantidade de água recuperada, ou seja, “produzir mais água tratada”, deve-se adicionar mais (2º estágio) membranas de osmose reversa na linha de concentrado, de modo que parte deste rejeito seja permeado e recuperada como água tratada. Deste modo, consegue-se recuperar uma maior parte de água de alimentação e reduzir ainda mais o volume de rejeito.
Figura 7 – Fluxograma de Osmose Reversa com 2 estágios, para aumentar a % de água recuperada.

Caso a intenção seja obter uma água de melhor qualidade, é possível introduzir mais membranas na linha de permeado. Este tipo de configuração é denominado de “Passo”, e, portanto, quanto mais “Passo(s)” o sistema tiver, menor será a recuperação.
Figura 8 – Fluxograma de um sistema de Osmose Reversa com 2 passos.

A quantidade de rejeito depende fundamentalmente da qualidade da água a tratar e de suas características físico-químicas.
Além destas duas configurações, ainda é possível recircular uma parte da vazão de concentrado de volta para a entrada do sistema de OR, conforme mostra a Figura 9, a seguir.
Figura 9 – Fluxograma de um sistema de Osmose Reversa com recirculação do concentrado.

Embora esta configuração produza menos rejeito/concentrado, e, consequentemente, redução de custos de transporte de rejeitos, não existe “mágica” no sistema de OR, pois em algum momento haverá a saturação de sais na entrada do sistema e assim haverá um aumento nos procedimentos de lavagens químicas das membranas, diminuindo a recuperação..
PARAMETROS DE ACOMPANHAMENTO OPERACIONAL
Os principais parâmetros que devem ser verificados durante a operação, são: pressão de alimentação; vazão de alimentação e permeado; fluxo de permeado, turbidez, temperatura, pH, COT e SDI (sólidos dissolvidos). Além disso, recomenda-se que a alimentação das membranas seja livre de cloro.
VANTAGENS E DESVANTAGENS
As principais vantagens estão relacionadas a:
- Ocupar pouca área;
- Reter íons, vírus e bactérias;
- Efluente de excelente qualidade;
- Operação automática.
Já as principais desvantagens, são:
- Consumo elevado de energia, por conta da bomba de alta pressão; e
- Requer maior atenção e cuidados operacionais.
Por fim, para um bom projeto deve-se ter um conhecimento detalhado das características da água a tratar, mediante análises completas que permitem uma escolha das membranas mais adequadas e de configurações que permitem recuperações mais elevadas.
Para saber mais sobre o assunto e de como podemos ajudá-lo, entre em contato conosco: h2oltda@h2oengenharia.com.br





