A influência do valor de PH na eficiência da coagulação e floculação
1. Introdução
O processo de tratamento físico-químico de águas e efluentes baseia-se, em grande parte, nos fenômenos de coagulação e floculação. Esses mecanismos são responsáveis pela remoção de sólidos suspensos, turbidez e parte da matéria orgânica dissolvida, preparando o efluente para etapas posteriores de clarificação. Entre os fatores operacionais que mais influenciam sua eficiência, destaca-se o valor de pH.
2. Importância do pH
O pH condiciona a formação de espécies hidrolisadas dos sais metálicos utilizados como coagulantes. Quando ajustado corretamente, promove a desestabilização das partículas coloidais e possibilita a formação de flocos robustos e sedimentáveis. Fora da faixa ideal, ocorre redução da eficiência, além do risco de metais residuais (como alumínio ou ferro) permanecerem dissolvidos na água tratada.
O controle adequado do pH também influencia a etapa de floculação, já que flocos frágeis ou instáveis dificultam a decantação e podem comprometer a eficiência global do sistema. Por isso, esta variável deve ser monitorada continuamente em processos que utilizam sais metálicos.
3. Correção do pH
Em situações de baixa alcalinidade ou pH inadequado, é comum o uso de produtos químicos corretivos, como cal hidratada ou soda cáustica, para elevar o pH até a faixa ideal de coagulação. A cal, em particular, é uma alternativa de menor custo em comparação à soda. No entanto, sua aplicação apresenta como desvantagem o aumento do volume de lodo gerado, já que parte do hidróxido de cálcio se incorpora ao lodo produzido, impactando diretamente no manejo e nos custos de disposição final.
Assim, embora eficaz para a correção de pH, o uso da cal deve ser avaliado em termos de custo-benefício, considerando a capacidade da estação de tratar e desidratar volumes adicionais de lodo.
4. Coagulantes: PAC, Sulfato de Alumínio e Cloreto Férrico
Entre os coagulantes mais utilizados no Brasil, destacam-se o Policloreto de Alumínio (PAC), o Sulfato de Alumínio e o Cloreto Férrico.
O PAC é um coagulante pré-polimerizado, de alta estabilidade e ampla faixa de atuação em termos de pH. Apresenta eficiência mesmo em águas de baixa alcalinidade e gera menor volume de lodo, de fácil adensamento e desidratação. É uma opção robusta para águas com grande variação de qualidade, embora tenha custo ligeiramente superior aos coagulantes tradicionais.
O Sulfato de Alumínio é amplamente utilizado em estações de tratamento de água. Seu custo inicial é menor, porém sua eficiência depende fortemente do pH e da alcalinidade do meio, exigindo correções frequentes com cal ou soda cáustica. Essa dependência eleva o custo operacional e aumenta a produção de lodo. Outro ponto de atenção é o risco de alumínio residual no efluente tratado.
O Cloreto Férrico é especialmente indicado para efluentes industriais e águas com elevadas cargas de poluentes, incluindo fósforo. Atua bem em pH mais ácido, oferecendo alta eficiência e robustez. Contudo, gera lodos mais densos e volumosos, além de conferir coloração amarelada à água tratada, exigindo maior cuidado no desaguamento e disposição final.
5. Conclusão
O pH é um parâmetro determinante para o sucesso dos processos de coagulação e floculação. Sua correta gestão garante a eficiência da clarificação, a estabilidade dos flocos e a qualidade final do efluente tratado. Embora a cal seja uma alternativa viável para elevar o pH, seu uso deve ser avaliado cuidadosamente devido ao impacto no volume de lodo produzido.
A escolha do coagulante mais adequado deve considerar não apenas o desempenho químico, mas também a faixa de pH da água, os custos com produtos auxiliares, o manejo do lodo e os objetivos específicos do tratamento.
6. Tabela Comparativa dos Coagulantes
