DESPEJOS INDUSTRIAIS

O presente artigo tem como objetivo mostrar e alertar qualquer funcionário/colaborador que trabalhe em estações de tratamento de esgoto (ETE), seja pública/concessão ou privadas sobre o recebimento de efluentes de terceiros.

Ao longo dos anos, a H2O Engenharia vivenciou algumas experiencias relativas a isto, e, na maioria dos casos, as equipes técnicas e operacionais das ETE’s quantificam somente o volume/vazão de efluente a ser recebido, sem dar muita atenção aos outros indicadores quali-quantitavos básicos, como por exemplo:

  • Concentração do poluente, expresso em DBO e/ou DQO;
  • Cargas poluidoras, expresso em DBO e/ou DQO; e
  • Composição do efluente.

Além destes três parâmetros fundamentais, é recomendado que a operação da planta faça analises da composição deste efluente, afim de saber o tipo de efluente que está sendo recebido, ou seja, se o mesmo é composto, majoritariamente, por: gorduras, chorume, fossa, metais pesados, entre outros.

Somente após as análises destes três parâmetros básicos – principalmente carga poluidora – que é possível estabelecer medidas operacionais, pois, na prática, receber um efluente externo cuja vazão/volume é relativamente “pequena” em relação a capacidade hidráulica das unidades subsequentes, pode, aparentemente, não representar grandes problemas, mas a elevada concentração de DQO pode elevar substancialmente o valor da carga poluidora externa, podendo ultrapassar os limites de tratamento dos reatores biológicos estabelecidas em projeto.

Além disso, muitos efluentes provenientes de terceiros apresentam na sua composição contaminantes tóxicos que podem interferir no bom funcionamento dos microrganismos presentes nos reatores biológicos. Como exemplo, podemos citar o chorume.

Como forma de suavizar os impactos da poluição externa, é fundamental que a ETE possua um Tanque de Equalização (veja nosso artigo sobre o tema), pois, além de equalizar a vazão, o tanque irá equalizar as concentrações dos despejos domésticos e de terceiros.

 

  • CARGA POLUIDORA 

 

 

  • IMPACTOS NAS UNIDADES DE TRATAMENTO

  • Tratamento preliminar

 

Em estações de tratamento de esgoto é recomendável que a etapa preliminar de tratamento esteja em condições boas/perfeitas de uso. Nesta etapa, o principal objetivo é a remoção de sólidos em suspensão particulados – por processos físicos.

O tratamento primário na ETE Santa Isabel é constituído por: Grades grosseira e fina; Caixa de Areia; e Tanque de Equalização.

O principal objetivo da etapa de gradeamento é a remoção de sólidos grosseiros de fácil retenção e remoção, através de operações físicas.

Já no caso da Caixa de Areia, a mesma é responsável pela remoção e/ou eliminação de sólidos maiores do que 0,2 milímetros de diâmetro. A maior parte dos sólidos observados nas caixas de areia são inorgânicos (minerais), como: areia, cascalho, sílica, pedrisco, entre outros. 

No caso da estação Santa Isabel, a retirada de sólidos na Caixa de Areia é imprescindível para que não ocorra o acúmulo dos mesmos nas etapas instaladas a jusante, pois, em caso de não remoção destes sólidos nesta etapa (principalmente os minerais), os mesmos serão enviados e acumulados nos reatores biológicos e serão removidos como lodo biológico.

Portanto, a remoção de areia e do material grosseiro possuem a função de pré-condicionar o esgoto bruto favoravelmente aos processos de tratamento subsequentes.

 

  • Reator anaeróbio (UASB)

 

Após a passagem pelo tratamento preliminar, o efluente (carga poluidora) segue para os reatores anaeróbios (UASB), onde é tratado na ausência de oxigênio.

Este tipo de sistema é conhecido por trabalhar, mais eficientemente, em efluentes que apresentam elevadas concentrações de DQO. Nas ETE’s domésticas que utilizam esta tecnologia, a performance esperada é menor. Na ETE Santa Isabel, é possível perceber que as maiores eficiências de remoção de DQO, no sistema anaeróbio, ocorrem nos dias em que a ETE recebe um efluente com uma concentração mais elevada, conforme pode-se observar nas planilhas de controle operacional da ETE.

Entretanto, em operações de reatores UASB, é recomendável que se avalie alguns parâmetros relativos à vazão e a carga biológica afluente para que a eficiência na remoção de matéria orgânica não seja comprometida. Uma maneira de analisar se o reator está recebendo uma carga acima de sua capacidade, é monitorando o valor da Carga Orgânica Volumétrica aplicada (COV), que, segundo Sperling (1996) e Chernicharo (2007), deve-se situar entre 2,0 – 3,5 Kg DQO/m³ para esgotos predominantemente domésticos.

A seguir, é apresentada a equação para o cálculo de COV:

COV=Q x SoV                                                                    Equação 2                                                     

Onde,

COV é a carga orgânica volumétrica aplicada, em KgDQO/m³.dia;

So é a concentração de DQO afluente ao reator, em Kg/m³;

Q é a vazão média afluente ao reator, em m³/dia; e

V é o volume do reator anaeróbio, em m³.

Uma outra maneira de verificar se os reatores estão performando bem em relação a vazão recebida, é pelo cálculo do Tempo de Detenção Hidráulico (TDH) do sistema anaeróbio, cuja definição é apresentada na equação (3) a seguir:

TDH=VQ                                                                              Equação 3                                                     

Onde,

TDH é o tempo de detenção hidráulico do efluente no sistema anaeróbio, em horas;

V é o volume do reator anaeróbio, em m³; e

Q é a vazão média afluente ao reator anaeróbio, em m³/h.

Segundo a Norma Brasileira n° 12.209, o valor de TDH para a vazão média, considerando a temperatura média do esgoto no mês mais frio do ano e o volume total do UASB, deve ser igual ou superior a:

    • 6 horas para temperatura do esgoto superior a 25,0°C;
    • 7 horas para temperatura do esgoto entre 22,0 e 25,0°C;

 

  • 8 horas para temperatura do esgoto entre 18,0 e 21,0°C; e

 

  • 10 horas para temperatura do esgoto entre 15,0 e 18,0°C.
  1. Carga Orgânica Volumétrica (COV)

De posse dos valores das cargas poluidoras (apresentadas no item 6.2) e do volume de cada reator anaeróbio, foi possível calcular a carga orgânica volumétrica (COV) para o sistema anaeróbio, cujo volume total dos 04 reatores é de 7.037 m³.

Os resultados dos cálculos de COV’s diários do sistema anaeróbio (UASB) são apresentados na Tabela 5 a seguir:

Tabela 5 – Valores de COV do sistema anaeróbio (UASB) da ETE Santa Isabel, durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2019.

Nota: 1 valores inseridos conforme solicitação da equipe de operação da Sanesalto, pois não havia dados de concentração de DQO nestes dias. Desta forma, nas datas onde não havia dados de concentração, inseriu-se o valor referente à média da concentração de DQO de cada mês

De posse dos valores, elaborou-se o Gráfico 9 a seguir:

Gráfico 9 – Comportamento do valor de COV no sistema anaeróbio da ETE Santa Isabel, durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2019. 

Como pode ser visto na Tabela 5 e no Gráfico 9, o sistema anaeróbio apresentou, na maioria dos dias, valores próximos ou dentro da faixa (2,0 – 3,5 Kg DQO/m³) recomendada e que é esperado para reatores anaeróbios de fluxo ascendente (UASB). Apenas os dias 02/10 e 12/11 apresentaram valores anormais (6,9 e 4,1 Kg DQO/m³, respectivamente).

O valor médio de COV ao final do período de estudo foi de 2,25 Kg  DQO/m³, dentro da faixa recomendada e do que é esperado para este tipo de sistema.

No mês de outubro, os valores de COV’s foram um pouco superiores aos outros dois meses, além de apresentarem maiores oscilações. Neste mês, foram verificadas as maiores concentrações de DQO bruta durante o período de estudo.

  1. Tempo de Detenção Hidráulica (TDH)

Utilizando-se da equação 3, foi possível calcular o valor de TDH médio nos meses de setembro,  outubro e novembro de 2019 para o sistema anaeróbio, cujo volume total dos 04 reatores é de 7.037 m³.

Segundo os dados fornecidos pela equipe de operação da ETE e baseados nos volumes dos reatores anaeróbios informados no Projeto Executivo da ETE, o TDH nos dias de estudo foram os seguintes:

Tabela 6 – Valores de TDH no sistema anaeróbio, durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2019.

De posse dos valores dos TDH diários, elaborou-se o Gráfico 10 a seguir:

Gráfico 10 – comportamento dos valores de TDH na ETE Santa Isabel, durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2019.

Pode-se notar que em todos os dias de monitoramento, os valores de TDH permaneceram acima do valor recomendado pela Norma Brasileira n° 12.209, que é de 8 a 9 horas.

O valor médio verificado no período foi de 10,1 horas. O valor mais elevado registrado foi de 13,9 horas, e o mínimo, de 8,4 horas.

Além disso, é possível notar como os valores de TDH variaram durante o período de monitoramento. Estas variações são resultantes dos diferentes valores das vazões afluente a ETE Santa Isabel, entretanto, não comprometeram o comportamento hidráulico do sistema anaeróbio.

 

  • Reator aeróbio (Tanque de Aeração)

 

Com relação ao reator aeróbio (Lodos Ativados), o sistema possui algumas particularidades no recebimento da carga poluidora. De acordo com o Projeto Executivo desenvolvido no ano de 2013, referente a ampliação da ETE Santa Isabel, na qual o sistema de lodos ativados faz parte, o sistema possui capacidade para tratar uma vazão até 80,0 L/s, com concentração de DQO de 300,0 mg O2/L e, consequentemente, uma carga poluidora de 2.074 KgDQO/dia.

O efluente enviado para o Tanque de Aeração é proveniente dos reatores UASB, de onde é removido, em média, cerca de 50,0 – 60,0% da carga poluidora bruta, com base nos dados fornecidos pela equipe operacional da Sanesalto.

A Tabela 7 a seguir indica os valores de vazão, concentração de DQO e carga poluidora que foram introduzidas no sistema aeróbio durante o período de estudo.

Tabela 7 – Cargas poluidoras afluente ao Tanque de Aeração durante o período de estudo.

Nota: 1 valores inseridos conforme solicitação da equipe de operação da Sanesalto, pois não haviam dados de concentração de DQO nestes dias. Desta forma, nas datas onde não havia dados de concentração, inseriu-se o valor referente a média da concentração de DQO de cada mês.

De posse dos valores diários de carga poluidora, foi possível elaborar o Gráfico 11 a seguir:

Gráfico 11 – Variação das cargas de DQO afluente ao Tanque de Aeração, durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2019.

No Gráfico 11, nota-se que, na maioria dos dias, a carga de DQO afluente ao Tanque de Aeração permaneceu acima do que foi especificado em projeto (2.074 Kg DQO/dia), mesmo com a vazão média afluente sendo de 81,0 L/s, muito próximo do que foi projetado (80,0 L/s). 

A carga poluidora média afluente ao tanque de aeração foi de 2.915 Kg DQO/dia durante o período de monitoramento, o que representa 40,5 %.a mais.

Isto se deve as elevadas concentrações de DQO afluente ao tanque, verificadas na maioria dos dias. A concentração média de DQO ao longo do período foi de 463,0 mg O2/L, superior ao projetado (300,0 mg O2/L).

Além disso, é possível observar grandes variações de um dia para o outro ao longo dos três meses, como nos dias 25 e 26/10, por exemplo, onde as cargas poluidoras afluentes ao tanque de aeração apresentaram valores de 5.298 e 2.809 Kg DQO/dia, respectivamente.

Os picos máximos e mínimos registrados foram 7.161 e 1.559 Kg DQO/dia, respectivamente.

 

  • CONCLUSÃO

 

Os efluentes externos que são enviados à ETE compõem-se de:

  • Banheiro químico;
  • Chorume;
  • Efluente oleoso;
  • Efluente;
  • Fossa;
  • Gordura; e
  • Lodo.

Analisando as vazões, concentrações e cargas poluidoras, percebe-se que os maiores contribuintes, são: “Chorume”, “Efluentes” e “Gordura”. Não está claro e não foi informado do que se trata o “Efluente” e, portanto, não se pode avaliar qualitativamente o mesmo. A nível de concentração, uma parcela importante, em termos de DQO, refere-se a “Gordura”.

Normalmente, os efluentes denominados “Chorume” contém elevadas concentrações de nitrogênio amoniacal que não são removidas no sistema anaeróbio, e consequentemente, vão contribuir em carga de poluição nitrogenada no sistema aeróbio, que convertidas em nitrato afetam o pH do sistema .

Com relação ao componente “Efluentes” não se pode comentar, pois é desconhecida sua composição.

Já o tipo “Gordura”, além do impacto em DQO (maiores concentrações de DQO), também apresentam elevado teor de óleos e graxas, interferindo na atividade microbiológica dos sistemas biológicos (anaeróbio e aeróbio).

Todos estes tipos de efluentes podem ocasionar problemas na operação da ETE. Isto porque, podem ser efluentes de difícil degradação por partes dos microrganismos anaeróbios e aeróbios, principalmente, pois a DQO é uma medida indireta de poluição e se refere apenas a demanda de oxigênio e não o tipo de contaminação.

Dentre os efluentes verificados, aponta-se preocupações com os efluentes “Banheiro químico”, pois os mesmos podem conter agentes biocidas, o que pode interferir na biodegradabilidade. 

O sistema anaeróbio apresentou, na maioria dos dias, valores próximos ou dentro do esperado para o parâmetro COV (média de 2,25 Kg DQO/m³), os quais ficaram dentro da faixa recomenda. Já os resultados do parâmetro TDH mostraram valores um pouco superior do que é recomendado pela Norma Brasileira n° 12.209 (8,0 a 9,0 horas) em praticamente todos os dias de análise. A média durante o período foi de 10,1 horas e, consequentemente, dentro da faixa..

Ambos valores indicam que, caso o sistema anaeróbio estivesse tratando apenas o efluente doméstico, o mesmo não apresentaria problemas de operação/tratamento. Entretanto, a elevada parcela (23,0% da carga total) de carga poluidora proveniente de terceiros torna a composição do efluente bruto da ETE Santa Isabel complexa e provavelmente, de difícil degradabilidade para os microrganismos presentes nos reatores, assim, a planta terá dificuldades para performar adequadamente. 

Com relação ao sistema aeróbio, pode-se verificar que durante o período de estudo, o reator aeróbio (lodos ativados) recebeu, em termos de concentração e carga de DQO, valores acima do que foi projetado. De acordo com o projeto inicial do sistema aeróbio, o reator está apto para receber uma carga diária de 2.074 Kg de DQO (300 mg O2/L e 80,0 L/s), porém, o presente trabalho mostrou os seguintes valores médios ao final do período de estudo: concentração de DQO = 409 mg O2/L; e carga poluidora = 2.915 Kg DQO/dia. Na maioria das vezes, como visto no gráfico 11 as cargas enviadas superaram, de maneira importante, o valor projetado. Isto ocorre por uma das seguintes razões: baixa performance do anaeróbio ou concentrações muito elevadas na entrada do sistema. Outro aspecto importante é a questão da biodegradabilidade que pode interferir nas reações bioquímicas, embora a vazão média tenha sido de 81,0 L/s, muito próximo do projetado.

Além disso, vale destacar que o sistema aeróbio possui uma maior flexibilidade operacional, pois a vazão de alimentação pode ser ajustada em caso de recebimento de cargas mais elevadas de que a de projeto.

Na prática, receber um efluente externo que represente apenas 2,4% da vazão total, pode, aparentemente, não representar grandes problemas para a ETE Santa Isabel, mas as elevadas concentrações de DQO e a presença de contaminantes tóxicos, podem interferir na operação da planta. No caso específico da ETE Santa Isabel, o presente trabalho mostrou que, da carga total diária recebida pela ETE Santa Isabel, entre setembro e novembro, cerca de 23,0% foram provenientes dos efluentes externos.

COMO FUNCIONA UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA

A finalidade de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) é condicionar a água – através de processos físicos e químicos – para o consumo da população. Basicamente, ETA’s possuem as seguintes etapas de tratamento: 

  1. 1. Captação da água do corpo hídrico.
  2. Coagulação e Floculação: adição de produtos químicos para que as substâncias sólidas presentes na água se “aglomerem” e formem flocos. Os produtos mais utilizados nestas duas etapas, são: Sulfato de alumínio e o Cloreto férrico, pois, apresentam boa relação no custo-benefício.
  3. Decantação: por ação da gravidade, os flocos com as impurezas e partículas ficam depositadas no fundo do tanque de decantação, separando-se da água.
  4. Filtração – a água passa por filtros formados por carvão, areia e pedras de diversos tamanhos. Nesta etapa, as impurezas de tamanho pequeno ficam retidas no filtro.
  5. Desinfecção e fluoretação: adição de cloro ou hipoclorito de cálcio e adição de flúor na água.
  6. Distribuição à população: durante o processo ainda é contemplado ao tratamento a.

Os principais parâmetros que devem ser analisados antes da distribuição, são: turbidez, pH, coliformes (totais e fecais), odor e cor.

É importante salientar que estes parâmetros devem estar de acordo com a legislação ambiental vigente em cada estado, sendo que a legislação mais restritiva deve ser cumprida.

Além disso, salienta-se que, dependendo da qualidade de água captada, os tipos e quantidade de produtos químicos podem ser diferentes. Para isso, é fundamental que sejam feitos ensaios de Jartest, que é um importante instrumento para o correto cálculo da quantidade de produtos químicos, por exemplo.

VOCÊ SABE O QUE É FILTRAÇÃO BIOLÓGICA?

O nome dado, “Filtro Biológico”, não retrata o mecanismo do processo. Na verdade, a denominação é incorretamente empregada, pois não é realizado qualquer operação de peneiramento ou filtração. Resumidamente, o contato do esgoto afluente com a massa biológica contida no Filtro Biológico realiza uma oxidação química.

O mecanismo do processo é caracterizado pela alimentação e percolação contínua do esgoto através do meio suporte, que promove o crescimento e a aderência de massa biológica em sua superfície.

Nas condições favoráveis ao processo a massa biológica agregada ao meio suporte retém a matéria orgânica contida no esgoto, através da adsorção. A síntese de novas células promove o aumento da biomassa prejudicando a passagem do oxigênio até as camadas mais internas, junto à superfície do meio suporte, onde o processo de oxidação se realiza anaerobicamente.

Os subprodutos da oxidação dos compostos pelas bactéria anaeróbias e aeróbias são: CO2, HNO3 e H2SO4.

Por fim, os gases acumulados produzido na camada anaeróbia provocam o desprendimento da massa biológica agregada ao meio suporte, facilitando o seu arraste pelo fluxo de esgoto. Esse material constitui o lodo, removido por sedimentação nos decantadores secundários.

FLOTADOR POR AR DISSOLVIDO (FAD) x DECANTADOR

Assim como o decantador, a finalidade do Flotador por Ar Dissolvido (FAD) em uma ETA é separar os sólidos da água bruta. No sistema de flotação, as partículas sólidas são removidas da água após a adição de ar no tanque, onde microbolhas se agregam com as partículas sólidas e flutuam até a superfície do tanque, formando uma camada espessa de lodo, no qual é removido por um raspador superficial. 

As bolhas de ar são geradas a partir da pressurização (4 – 5,5 bar) da corrente líquida por ar dissolvido, por meio de um compressor. Este fluxo saturado é recirculado (5 – 10% da vazão total), e então misturado com o efluente no tanque. 

Teoricamente, é mais fácil gerar um floco leve para a flotação do que um floco pesado para decantação. O FAD se mostra mais eficiente na remoção de algas do que decantadores, removendo cerca de 98,0% das algas presentes na água bruta. Além disso, o flotador ocupa uma menor área e consome uma quantidade menor de produtos químicos, em relação ao decantador. 

Por fim, é importante salientar que é imprescindível uma correta coagulação precedente ao FAD, assim como na decantação. De um modo geral, os coagulantes empregados no sistema de decantação, são, também, apropriados para a flotação.

IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO PRELIMINAR EM ETE’s

Muitas vezes deixado de lado, o tratamento preliminar é, talvez, a etapa mais importante em uma ETE. Sua função é remover o material inorgânico do efluente bruto, por meio de processos físicos, como o gradeamento (material grosseiro, ex.: pedras) e compartimento de decantação (desarenador) para partículas maiores ou igual a 2,0 mm.

É comum observar que algumas plantas não dão a devida atenção para esta etapa. Como consequência, os processos biológicos e químicos subsequentes podem apresentar problemas na remoção de matéria orgânica. Plantas que possuem membranas de ultrafiltração exigem um tratamento preliminar boa qualidade.

Além disto, equipamentos eletromecânicos como bombas e difusores podem sofrer desgastes mecânicos e até não funcionar em caso de grande acúmulo de material inorgânico de partículas grandes/afiadas e pesadas que deveriam ser removidas na etapa preliminar.

Atualmente, tem se empregado uma Unidade Compacta no tratamento preliminar no lugar de tanques de concreto (convencional). Esta Unidade inclui, em um único equipamento, compartimentos para remoção de sólidos grosseiros (peneiramento), matéria inorgânica (desarenador) e gordura (sopradores e raspadores).

Para saber mais sobre o assunto e como podemos ajudá-lo, entre em contato conosco!

PADRÃO DE LANÇAMENTO

Você saberia dizer quais são as Leis e/ou Artigos que regem o padrão de lançamento de efluentes em corpos hídricos ou em sistemas públicos de esgoto no seu Estado?

Vamos pegar como exemplo o Estado de São Paulo: Ao lançar o efluente doméstico e/ou industrial dentro dos limites territoriais do Estado, a indústria deverá se atentar para os seguintes Artigos e Resoluções: 

– CONAMA nº 357/05: dispõe de padrões a serem mantidos nos corpos d’água, e padrões de lançamento de efluentes; 

– Artigo 18 da CETESB (São Paulo): define os parâmetros de lançamento de efluentes provenientes de qualquer fonte poluidora nos corpos d’água. 

– Artigo 19A da CETESB (São Paulo): Define as condições de lançamento de efluentes de qualquer fonte poluidora em sistemas de coleta de esgotos. 

Caso o proprietário da indústria deseje lançar o seu efluente em algum corpo hídrico, ele deverá se atentar para o Artigo 18 e para a Resolução CONAMA, pois são as legislações vigentes no Estado. Entretanto, qual ele deve obedecer? Neste caso, o proprietário deverá atender a legislação cujos parâmetros são os mais restritivos. 

Caso o proprietário deseje lançar o seu efluente na rede coletora da SABESP, ele deverá obedecer os parâmetros estabelecidos no Artigo 19A.

SECAGEM TÉRMICA DE LODO

A secagem térmica de lodo tem se apresentado como uma excelente alternativa para a redução de umidade do lodo em ETEs e ETAs. Trata-se de um processo de redução de umidade através da evaporação de água para a atmosfera com a aplicação de energia térmica, podendo-se obter teores de sólidos da ordem de 90 a 95%. Com isso, o volume final do lodo é reduzido significativamente.

O desenvolvimento desta tecnologia aplicada no tratamento de lodos tem despertado o interesse no mercado para que seja possível a sua secagem ainda no estágio de lodo bruto, eliminando os demais estágios de tratamento.

A etapa de estabilização biológica e higienização podem ser excluídas do tratamento, pois o processo de secagem térmica elimina os patógenos e estabiliza o lodo através do calor. Além disso, o produto final apresenta um alto teor de matéria orgânica e poder calorífico, o que agrega valor a este e favorece o uso agrícola.

Através da secagem térmica do lodo o tratamento do lodo torna-se muito mais fácil, reduzindo significativamente também os custos de transporte. Contudo, a secagem térmica não é isenta de problemas, trata-se de uma alternativa com custo elevado e que pode apresentar problemas com relação a produção de odores e poeiras.

VOCÊ SABIA QUE É POSSÍVEL TRATAR O EFLUENTE SANITÁRIO E INDUSTRIAL POR MEIO DE PLANTAS?

O sistema Wetland tem se apresentado como uma alternativa ao tratamento biológico de esgotos. Trata-se de um processo que utiliza a filtração física, química e biológica, na transformação/depuração de poluentes presentes nos esgotos sanitários ou industriais, degradando a matéria orgânica, reciclando os nutrientes e consequentemente, melhorando a qualidade da água. Este tipo de sistema possui diversas vantagens, como: baixo custo de operação, manutenção, implementação e operação; baixo consumo de energia; e custos com a destinação final do lodo é eliminado.

Os usos de Wetlands demonstram boas eficiências na remoção de sólidos suspensos, DBO e na concentração de nutrientes (Fósforo e Nitrogênio). 

A remoção da matéria orgânica e dos nutrientes dentro de um filtro Wetland se deve ao uso de macrófitas aquáticas. Estas espécies são utilizadas porque possuem adaptações à diversos tipos de ambientes, desde brejos até ambientes totalmente submersos.

As Wetlands podem ser de fluxo superficial ou subsuperficial.

Para saber mais sobre o assunto e de como podemos ajudá-lo, entre em contato conosco: www.h2oengenharia.com.br

É POSSÍVEL GERAR ENERGIA A PARTIR DO ESGOTO?

Sim, isto é possível! Em plantas onde há presença de reatores e biodigestores anaeróbios, é possível obter o BIOGÁS, gás que contém metano e que possui um alto poder calorífico.

Como ele é produzido?

Em estações de tratamento de esgoto domésticos e industriais cujas plantas possuem sistemas anaeróbios ou digestores de lodo, é possível obter o biogás. Isto porque, os microrganismos presentes nos reatores degradam a matéria orgânica na ausência de oxigênio, formando metano (cerca de 50 a 70%) e dióxido de carbono (cerca de 20 a 40%), principalmente.

Quais são as principais utilizações?

O biogás pode ser utilizado em praticamente todas as aplicações energéticas nas quais se utiliza gás natural, sendo estas: obtenção de calor para combustão direta; geração de eletricidade; e combustível para veículos.

Quais são as principais vantagens?

O biogás é uma fonte de energia limpa e renovável. Além disso, a sua utilização pode resultar em benefícios econômicos em plantas que dispõe de sistemas anaeróbios, pois a energia elétrica e térmica gerada na queima do biogás pode ser utilizada na própria planta.

DIFUSOR X AERADOR SUPERFICIAL

Em ETE’s cujos processos de tratamento do efluente são aeróbios, é imprescindível a utilização de equipamentos que transfira o oxigênio presente na atmosfera para dentro de um tanque de aeração ou lagoa aeróbia, por exemplo.

Há no mercado, diversos modelos e tipos de aeradores. Os mais utilizados são os modelos de AR DIFUSO (difusores) e AERADORES SUPERFICIAIS que são utilizadas em ETE’s de qualquer porte. Além destes dois modelos, há, também, o rotor de aeração conhecido como “escova” e/ou “gaiola”, utilizado em Valos de Oxidação.

Em difusores, o ar é fornecido por meio de sopradores/compressores instalados fora do tanque de aeração, e chega até os difusores por meio de tubulações. Já nos aeradores mecânicos, o oxigênio é introduzido no tanque de aeração graças a ação de agitadores que promovem a exposição à atmosfera de partículas do líquido, que é levantado sob forte agitação até uma altura acima do nível da água no tanque, permitindo assim, a transferência de oxigênio e a dispersão e incorporação do ar no meio líquido. 

Ambos equipamentos possuem vantagens e desvantagens, e sua escolha depende de alguns aspectos. A imagem mostra as principais diferenças e tipos dos equipamentos de aeração de ETE.